CURSO BÍBLICO: FUNDAMENTOS DA FÉ CRISTÃ
Prof. Eliseu Pereira (eliseugp@yahoo.com.br)
LIÇÃO 11 – 3º FUNDAMENTO
A ENCARNAÇÃO DE CRISTO (1ª parte)
[1] Introdução:
a. Natureza divina e humana: Jesus é verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus e suas naturezas são unidas, sem mistura, confusão, separação ou divisão, cada natureza retendo seus próprios atributos (Concílio de Calcedônia, ano 451).
b. Encarnação: Deus se associou eternamente ao homem. Sem a encarnação, o cristianismo é vazio. Os judeus e muçulmanos crêem em um Deus transcendente, mas não o conhecem como o Deus que veio em carne.
c. “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós”: tabernaculou entre nós.
Análise textual de Filipenses 2.5-10
[2] Divindade de Cristo:
a. Divindade: “subsistindo em forma de Deus” — “sendo em a forma de Deus”.
i.subsistindo: (gr. uparxwn) pré-existência; existência eterna, prévia, não criada.
ii.forma (gr. morphe): não é formato independente da essência, mas aparência externa indicativa de uma realidade interior; atributos essenciais que se demonstram na forma; p. ex.: metamorfose – mudança de forma.
iii.Deus: forma de Deus significa que ele tem conteúdo e essência de Deus; “nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9); “Ele é a expressão exata de seu Ser” (Hb 1.3).
b. Igualdade: “não julgou como usurpação o ser igual a Deus” — “não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar”.
i.usurpação: 2 aspectos – 1º)Jesus tinha pleno direito a existir como Deus, porque esta é a sua natureza; ele não abriu mão de sua glória porque estivesse no lugar errado; sua condição de Deus não havia sido usurpada ou “tomada a força”. 2º) mesmo sendo Deus, ele não considerou que devesse se aferrar a isto.
ii.ser igual a Deus: Jesus é Deus com Deus; plena identificação com Deus Pai.
[3] Esvaziamento voluntário:
a. Ekenosen: “antes a si mesmo se esvaziou” — “fez-se de nenhuma reputação”.
i.voluntário: Jesus não foi tirado de sua posição; o Pai não empurrou o Filho para fora, como se ele não tivesse o direito de estar ali; antes, o Filho se determinou à obra da redenção; “ninguém a tira [a vida] de mim, pelo contrário, eu espontaneamente a dou” (Jo 10.18).
ii.reputação: Cristo não considerou a manifestação da sua divindade no céu como um tesouro a que devia se agarrar e reter a todo custo; na sua encarnação ele não se preocupou em reter nada dessa manifestação.
iii.Esvaziar-se: de que? da glória, não de seus atributos divinos, porque isto seria impossível; se ele se esvaziasse de ser Deus, ele deixaria de existir; se você deixar de ser você, você deixa de existir; Jesus Cristo sendo rico se fez pobre por amor a nós (2Co 8.9).
iv.Jesus é a glória de Deus (1 Co 2.8; Tg 2.1); Rei da Glória (Sl 24); “Isaías viu a glória de Cristo e falou dele” (Jo 12.41); “a glória do Senhor se manifestará, e toda a carne a verá” (Is 40.6); “a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor” (Hb 2.14); “encherei de glória esta casa” (Ag 2.9).
v.transfiguração: “uma nuvem luminosa os envolveu” (Mt 17.5); “ele recebeu da parte de Deus Pai, honra e glória, quando pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte voz: Filho amado, em quem me comprazo” (2 Pe 1.17; c/c Lc 9.31).
vi.Jesus: “quem me glorifica é meu Pai” (Jo 8.54); glorifica-me com a glória que eu tive junto de ti antes que houvesse mundo” (Jo 17.5, 22, 24; 1 Tm 3.16).
[4] Humilhação de Cristo:
a. Encarnação: “assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens” — “a forma de servo havendo tomado, havendo sido feito na semelhança de homens.”
i.assumiu: (gr. genomenov) compare “subsistindo” com “assumiu”; tornar-se, em um dado momento, homem; não assumiu forma de Deus, mas de homem.
ii.forma de servo e semelhança de homens: Cristo, sendo Deus, assumiu forma humana, uma semelhança real, não fantasmagórica.
iii.carne: Sua humanidade era tão real quanto a sua divindade. “E o Verbo se fez carne" (Jo 1.1); "Acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne" (Rm 1:3); "vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei" (Gl 4:4).
iv.encarnação: Jesus aceitou assumir a semelhança de carne pecaminosa durante a encarnação e deixou, voluntariamente, de usar alguns atributos durante Sua vida terrena. Ele aceitou a limitação de espaço, conhecimento e poder.
v.natureza humana: Jesus assumiu uma natureza humana, não uma pessoa humana. A pessoa de Cristo é o filho de Deus. ter natureza humana significa que Jesus tinha alma, espírito e corpo humano.
b. Humilhação: “e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou” —
i.ato voluntário: humilhou-se a si mesmo; repete ênfase do v. 6.
ii.limitação: posição de Filho, de Servo, submeteu-se à autoridade e humilhou-se; em Hb 5:8 ("... aprendeu a obediência..."); Mt 26:39,42 ("... todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres...").
[5] Expiação de Cristo:
a. Submissão: “tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz” — “e, na figura havendo sido achado como um homem, humilhou-se a si mesmo havendo se tornado obediente até a morte, morte mesmo de uma cruz.”
b. Obediente até à morte: “Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice” (Mt 26:39); “Jesus... pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus” (Hb 12:2).
c. Morte de cruz: Cristo sofreu a execução mais degradante em todos os sentidos (Sl 22:1,6-8,11-18; Is 53:2-12; Gl 3:13). Ele percorreu a descida do trono de Deus até o nível mais baixo para atender a lei de Deus e resgatar o homem.
d. Maldição: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro” (Gl 3:13).
[6] Afirmações para pensar:
a. Por que é necessário que o redentor fosse Deus: somente Deus poderia satisfazer a justiça de Deus.
Por que é necessário que o redentor fosse homem: somente um homem real poderia substituir o homem e pagar a culpa da humanidade. O verbo encarnado é loucura para os gentios e escândalo para os judeus, mas é a glória dos cristãos. Jesus é o único mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2.5).