EBD

O Ensino Bíblico Gravuras

CURSO BÍBLICO: FUNDAMENTOS DA FÉ CRISTÃ

Prof. Eliseu Pereira (eliseugp@yahoo.com.br) 

LIÇÃO 12 – 3º FUNDAMENTO

A ENCARNAÇÃO DE CRISTO (2ª parte) 

[1]          Introdução:

Unidade da pessoa de Cristo: “as duas naturezas, inteiras, perfeitas e distintas — a divindade e a humanidade — foram inseparavelmente unidas em uma só Pessoa, sem conversão, composição ou confusão; essa Pessoa é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, porém, um só Cristo, o único Mediador entre Deus e o homem” (Confissão de Westminster 8:2). 

[2]          A natureza humana real de Jesus:

a.      Natureza humana: Cristo tinha corpo, espírito e alma humanos; um corpo me preparaste (Hb 10.5); em todas as coisas semelhante a nós (ver Hb 2.14,17).

b.      Corpo humano: o cristianismo entrou em choque com a cultura grega que desprezava o corpo como fraco e imperfeito; “cansado da viagem” (Jo 4:6); faminto (Mt 21:18); sedento (Jo 19:28); sentiu dor (Jo 18:22; 19: 2,3); “ele sofreu a morte” (Hb 2:9); “ver Lc 24.39 – “vede as minhas mãos e os meus pés...”

c.      Emoções humanas: “A minha alma está cheia de tristeza até a morte” (Mt 26.38); Jesus sentia emoções (Mt 9:36; 14:14; 15:32; 20:34); alegria (Jo 15:11; 17:13; Hb 12:2); indignação (Mc 3:5; 10:14); ira (Mt 21: 12,13); surpresa diante da fé do centurião e da incredulidade em Nazaré (Lc 7:9; Mc 6:6); grande pavor e angústia (Mc 14.33); comoção e choro na morte de Lázaro (Jo 11:33,35,38).

d.      Espírito humano: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23.46); Jesus ia à sinagoga (Lc 4:16); tinha hábito de orar (Lc 6:12; 22: 41,42; Jo 6:15).

e.      Homem real: Jesus crescia não somente em “estatura” (isto é, fisicamente), mas também “em sabedoria” (mentalmente), mostrando assim que a natureza humana de Jesus era autêntica e consciente (Lc 2:52). 

[3]          A natureza humana perfeita de Jesus: 

a.      Jesus jamais pecou: "... antes foi ele [Jesus] tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado."(Hb 4:15); sem mancha (Hb 7:26; 9:14); “cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo” (1 Pe 1.19).

b.      Testemunhos da inocência e santidade:

                    i. Apóstolos: “o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca” (1 Pe 2.22); Jesus é o Santo de Deus (Jo 6:69); “nele não existe pecado” (1 Jo 3.5); Paulo diz que Cristo não conheceu pecado (2 Co 5.21).

                  ii. Silêncio dos inimigos: “quem dentre vós me convence de pecado?” (Jo 8.46).

                iii. Esposa de Pilatos: "Não te envolvas com o sangue deste justo" (Mt 27:19).

                 iv. Ladrão na cruz: "este nenhum mal fez" (Lc 23:41).

                   v. Judas, o traidor: "Pequei, traindo sangue inocente" (Mt 27:4). 

[4]          As três esferas da tentação de Jesus (Mt 4:1-11; Mc 1:12-15; Lc 4:1-13):

a.      1ª tentação: foco no corpo — necessidades físicas ou básicas:

                    i. prova: Deus é bom? O seu amor supre?

                  ii. diabo: “Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães”; comparar com: “provai e vede que o Senhor é bom” (Sl 34.8).

                iii. Jesus: “Está escrito: não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” — Eu vou esperar e fazer a vontade de meu Pai.

                 iv.paralelo no Éden: “vendo a mulher que a árvore era boa para se comer” (Gn 3.6)

                   v. aplicação: as necessidades físicas são um foco do tentador em nossas vidas.  

b.      2ª tentação: foco na alma (desejo de demonstração espetacular)

                    i. prova: Deus é fiel? O seu amor guarda?

                  ii. diabo: “Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito” — se Jesus usa a Palavra de Deus, o diabo também usa a palavra para tentar e confundir.

                iii. Jesus: “Também está escrito: Não tentarás ao Senhor teu Deus” — “Eu vou esperar e fazer a vontade de meu Pai”. — Eu não preciso desta prova de Deus.

                 iv. paralelo no Éden: “É assim que Deus disse?” (Gn 31). O diabo provou a mulher com a palavra de Deus e ela fracassou. A árvore era agradável aos olhos.

                   v. aplicação: nós somos totalmente guardados pelo poder de Deus.  

c.      3ª tentação: foco no espírito (adoração)

                    i. prova: Deus é suficiente? O seu amor basta?

                  ii. diabo: “Tudo isto te darei se prostrado me adorares” — culto e adoração. 

                iii. Jesus: “Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele darás culto”— Jesus foi provado diante da glória do mundo. — A glória do Senhor me basta.

                 iv. paralelo no Éden: “sereis como Deus, conhecedores do bem e do mal” (Gn 3.5).

                   v. aplicação: entregar nosso coração totalmente à adoração de Deus (Jo 4.23).  

d.      tabela: comparação entre a tentação de Adão e de Jesus  

Esfera de tentação

Tentação de Adão e Eva

Tentação de Jesus

Respostas de Jesus

Corpo

 

Boa para comer

Transformar pedras em pães.

Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra de Deus.

Alma:

 

Agradável aos olhos

Lança-te daqui abaixo.

Não tentarás ao Senhor teu Deus.

Espírito

Deus

Desejável para dar entendimento

Tudo isto te darei se prostrado me adorares.

Somente a teu Deus adorarás.       

[5]          Questões sobre a tentação de Jesus[1]:

a.      As tentações de Jesus foram reais? SIM, foram tentações genuínas, embora Jesus não tenha caído em nenhuma forma de pecado (mente, palavras e atos).

b.      Uma pessoa que não pode cair ao ser tentado, de fato experimentou a tentação? SIM, a pessoa que resiste até o fim conhece todo o poder da tentação, assim a impecabilidade aponta para uma tentação muito mais intensa do que podemos imaginas. "O homem que cede a certa tentação não sente todo o seu poder" —Leon Morris. (ver Hb 12.3,4)

c.      Se Jesus não pecou, Ele era realmente humano? Se NÃO, significa que Deus criou o homem pecador e, portanto, Ele é a causa do pecado (Hc 1:13).

d.      A pergunta correta é: Somos tão humanos quanto Jesus? O homem caído tem a sua humanidade corrompida pelo pecado, sendo apenas sombra da humanidade original. Assim, Jesus não só é humano como nós, como também é mais humano. É sua humanidade que deve ser padrão para nós e não o inverso.


[1]             Baseado na lição “Cristologia: a Pessoa e a Obra de Nosso Senhor Jesus Cristo, Parte IV – A Humanidade de Jesus”, de Kelson Mota T. Oliveira disponível no Site: http://www.baptistlink.com/solascriptura/Cristologia/Cristologia-HumanidadeJesus-Kelson.htm.