CURSO BÍBLICO: FUNDAMENTOS DA FÉ CRISTÃ
Prof. Eliseu Pereira (eliseugp@yahoo.com.br)
LIÇÃO 21 – DOUTRINA DA SANTIFICAÇÃO (2ª parte)
Texto bíblico: “... o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e, sim, da graça” (Rm 6.14); “o justo viverá pela fé” (Rm 1.17)
[1] Revisão:
a.Cruz de Cristo: 3 aspectos
i.Cristo crucificado por nós: justificação — perdão de pecados.
ii.Nós crucificados com Cristo: regeneração — nova vida em Cristo.
iii.Cristo vive em nós: santificação – libertação do poder do pecado.
b.Santificação:
i.Vontade expressa de Deus: “Pois esta é a vontade de Deus, a vossa santificação... E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 4.3; 5:23).
ii.Requisito essencial: “bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus” (Mt 5.8); “segui... a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor“ (Hb 12.14).
[2] Definição de conceitos importantes:
a.Classificações da conduta do homem em relação à Deus:
i.Natural: o homem não reconciliado com Deus.
ii.Carnal: o homem que conhece a Deus, mas vive de acordo com o mundo.
iii.Espiritual: o homem que conhece a Deus e anda no Espírito.
b.Conceitos de carne e espírito:
i.Carne (gr. sarx): mera natureza humana, terrena, sem a influência de Deus e, portanto, propensa ao pecado e oposta a Deus.
ii.Pecado (hamartia): no singular, condição pecaminosa.
iii.Espírito (gr. pneuma): princípio vital do corpo humano, imaterial em contraste com o corpo material; a faculdade de manter comunhão com Deus; Jesus disse “as palavras que vos tenho dito são espírito e vida” (Jo 6.63 c/c Mt 4.4).
iv.Carne x Espírito: o cristão é guiado pelo Espírito Santo (Rm 8.14), mas ainda sofre influências da carne (humanidade), do mundo e do diabo.
c. Conceitos sobre natureza: o homem não tem duas naturezas, mas apenas uma — a natureza humana; a conversão não mata a natureza humana do homem, mas liberta do pecado e estabelece um relacionamento com Deus.
i.Natureza pecaminosa: o relacionamento errado da nossa natureza humana com Deus; a carne — disposição para o pecado; orientada para o ‘ego’; oposta a Deus; ser liberto da natureza pecaminosa não quer dizer que foi tirado algo de nós — amputação — mas ser colocado em comunhão com Deus.
ii.Natureza espiritual: nova vida; orientada para Deus; os cristãos não são deuses, não são anjos, não são inocentes com relação ao pecado; os cristãos são libertos do domínio do pecado, transferidos para o domínio de Cristo.
d.Conceitos de morte e vida:
i.Morte (apothnesko): separação de Deus; incompatibilidade de natureza; resultado do relacionamento errado com Deus; mortos em delitos e pecados (Ef 2).
ii.Morte vicária: morto para o pecado (6.11), para a lei (7.1-4), para a carne (8.13).
iii.Vida (gr. zoe): vida plena e abundante de Cristo é gerada no crente pelo Espírito Santo; fruto do relacionamento corrigido com Deus (2 Co 4.10,11).
e.Conceitos de lei e graça:
i.Lei (gr. nomo): a lei moral do universo é o caráter santo de Deus; esta lei está embutida em todo homem, porque fomos criados à imagem de Deus; pecado é transgressão da lei [moral] (1Jo 3.4), portanto homem é passível de condenação.
ii.Graça (gr. charis): é manifesta na livre iniciativa de Deus em prover um substituto perfeito perante sua própria lei, capaz de redimir perfeitamente o homem — Cristo — mediante o qual, a sentença do pecado é suspensa e o favor de Deus está garantido a todos os que o recebem.
iii.Importante: Cristo não revoga a lei, mas a cumpre em lugar do homem (Mt 5.17).
[3] Legalismo e antinomismo — 2 erros comuns:
a. Confundir justificação com santificação (legalismo): crer que o perdão de Deus vem pela fé acrescida de boas obras. A justificação é obra monergística (só Deus); mas a santificação é obra sinergística (ação de Deus e reação do homem).
i.Pecado: a ocorrência de pecado não é anormal, mas deve ser acidental; se houver pecado, confesse e não permita que o hábito se instale ou que o coração se endureça no pecado; não permita que o pecado ofenda a Deus, a si mesmo, a comunhão dos irmãos, ou que cause escândalo entre os de fora.
b. Dissociar justificação de santificação (antinomismo): considerar a santificação como opcional para o cristão; considera normal a vida de pecado e derrota; "Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Como viveremos para o pecado, nós que para ele morremos?" (Rm 6.1; 1Co 6:10).
i.Responsabilidade humana: se Cristo já fez tudo, por que eu deveria me esforçar?
ii.Ativismo e passividade: atribuir toda a obra a si ou tudo a Deus.
c. Associar a glorificação final ao tempo presente (perfeccionismo): desconsiderar a obra contínua de santificação, como um processo; crer que a santificação antecipa o resultado final de impecabilidade nesta vida.
| 
		 Posse non pecare  | 
		
		 posso não pecar  | 
		
		 inocência antes do pecado  | 
	
| 
		 Non posse non pecare  | 
		
		 não posso não pecar  | 
		
		 homens não salvos  | 
	
| 
		 Posse non pecare  | 
		
		 posso não pecar  | 
		
		 salvos vivos em corpo mortal  | 
	
| 
		 Non posse pecare  | 
		
		 não posso pecar  | 
		
		 salvos glorificados  | 
	
[5] Relação dos santos com o pecado:
a. Pecado é contrário à nova vida: “Se dissermos que mantemos comunhão com ele [Deus], e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade.” (1 Jo 1.6).
b. Pecado é uma possibilidade real: “Se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós” (1 Jo 1.8).
c. Vitória sobre o pecado: Alguém está fazendo provisão para pecar? Alguém está tolerando pecado consciente? Alguém está se deixando endurecer pelo pecado? — “Meus filhinhos, escrevo-lhes estas coisas para que vocês não pequem” (1 Jo 2.1)
d. Remédio para o pecado: Mas, e se alguém pecar? — “temos [o apóstolo e nós] um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo” (1 Jo 2:1).
[6] Para refletir:
Qual a diferença entre uma ovelha e um porco: a ovelha, quando cai na lama, deseja desesperadamente limpar-se. O porco, quando cai na lama, gosta e desfruta.
J.C. Ryle: “Aquele que desejar dar grandes e largos passos na santidade, deverá primeiro considerar a grandeza do pecado”.
É normal e possível que o cristão caia acidentalmente em pecado ao longo da vida, embora não esteja sob o domínio do pecado. Porém, é anormal que o cristão viva em pecado, tolere o pecado, perca o repúdio ao pecado.